Segunda-feira, 08 de Novembro de 2010

 

 

 

Lá fora,

A chuva molha o asfalto;

Aqui --- dentro de meu peito,

A imensurável savana indomável ---

Sinto-me perpétuo amanhecer calcinado.

 

Tenho tantas dúvidas

Pesando sobre meus ombros:

Ah, a mente prefere, entretanto,

O elixir da solar primavera

Á indigesta verdade impressa

Nas dolentes páginas gélidas

Do inexorável inverno-escombro.

 

Quero chegar ao cume

Da montanha dos sonhos:

Pegar seus atóis e espólios

Á mão do arco-íris-estanho,

Convertendo-os em estela de ouro

Ou num esplendoroso sol de titânio.

 

 

 

 

Todavia,

Quando regresso

Desta tão libertária viagem-gerânio,

Novamente me encontro

Aprisionado em nosso cotidiano-escafandro:

 

Aí, então,

Eu me readapto

E me rearranjo,

Esperando que um dia talvez

A nossa consciência

Reduza a pó

O cárcere-verdugo

Da sua Fogueira-Soprano,

Tornando-se --- enfim ---

O eterno, libérrimo, belo,

Etéreo e soberano

Pégasus-Oceano!   

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:37

 

 

 

Há dias que a retina não controla

A projeção de imagens.

Há dias que a urina infunde

Á leve menção do simples laivo da vontade.

Há dias que a doce e inócua brisa

Escalavra cruelmente a face.

Há dias que a noite

É contínua manhã incólume: a aderente Paisagem!

Há dias que a Escuridão é a alameda

Onde reside a foz de toda a universal verdade.

Há dias que o dia

Aparenta ser fluxos e refluxos de miragem.

Há dias que o Poema

É o mais etéreo plenilúnio da Vacuidade

Há dias que a latitude e a lembrança

São o mais edaz epicentro da saudade.

Há dias que o ser concreto

São os sortilégios de Mérlin, Iemanjá,

Baco, Amon-Rá e o Hades.

Há dias que o Poeta

É corpo sem Verve, a terra sem Verbo: A Vácua Viagem!

Há dias que a guerra

Sucumbe ao sopro do vento da Amizade.

Há dias que a Porta

Não é uma mera passagem.

Há dias que o sofrido povo

Não é miríade e sim, O Principal Personagem.

Há dias que a Poesia sonha

O sonho de ser o Graal da IGUALDADE!

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:33

         

 

 

Eu, a vela, a nau...

Eu, a jornada, a jangada, o jogral...

Eu, as estrelas, a estrada, os estafetas, o estendal...

Eu, a balsa, a valsa, a vala, o caos, a vazante, o vau...

Eu, a seca, a perda, a eira nem beira, a geleira, o fel, a treta, a majestade do sal...

Eu, o berro, a boca, a bomba, a fraga, a flauta, a falta, a sede, o embornal...

Eu, a guerra, a TERRA, a brasa, a cratera, A PRAÇA CELESTIAL...

Eu, a viela, a berinjela, a barrela, a vinícola, a Imagética, o parreiral...

Eu, o silêncio, a mesquita, a catedral, o concreto, a moreia, a Paz, A Pá de Cal...

Eu, o poema, a cadela, os pirilampos da favela, a cena, a marola, o plenilúnio do sol...

Eu, a Caatinga, Ipanema, o mar da Bahia, a poética aridez Cabralina, o Manguezal...

Eu, a ébana lida, Xangô, Tereza Batista, O Sambista, O PAÍS DO CARNAVAL...

Eu, a laje batida, a gata lasciva, o baba dominical...

Eu, o vento, a ventania, o tempo, o outro lado da Física, a ânsia gutural...

Eu, Lião, Policarpo Quaresma, Lea, A Miragem Vil-Metal...

Eu, Luísa Main e Zeferina, Zumbi, João de Deus, Lucas Lira, O Livre Líquido                     

                                                           Mineral...

Eu, Marighella, Che Guevara, Lamarca, Panteão do Araguaia, REVOLUÇÃO,

                                      O Saber de Karl, A INTERNACIONAL...

Eu, Mandela, Malcolm X, Martin Lutter King, O Incolor Sonho Imortal...

Eu, Alegria-Alegria, A Palo Seco, Refazenda, Asa BrAnCA, Milagreiro,

Roda-Viva, Ideologia, Maria-Maria, A Mosca Na Sopa,

O Bêbado E O Equilibrista, Marina, Campo de Batalha e Malandrinha,

                          O Vento No Litoral...

Eu, o avesso do avesso, o verso, o verbo, a sedução do realejo,

A Comédia acontecendo, o Drama de não se conhecer a si mesmo,

Ocasos, orgasmos, beijos, canaviais, carvoarias, lagrimas efusivas,

                                                                                                           A Vida Afinal!  

 

 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

 

 

 


sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:28

   

O engendro engendra a pedra

A pedra pedra a escolha

A escolha escolhe a relva

A relva relva a aventura

A aventura aventura-se na caverna

 

 

A caverna caverna o quadraçal

O quadraçal quadraça o granito

O granito granita o alimento da História, o desconhecido

O desconhecido desconhece o ódio contra o desejo

 

 

O desejo deseja o idílio

O idílio idilia o clarão

O clarão clareia a vitória da irmanação

A irmanação irmana-se á celebração

A celebração celebra a desgraça

A desgraça desgraça a solitária

A solitária solitaria a miséria

A miséria miseria o esquife

O esquife esquifia a opressão        

A opressão oprime a tranca

A tranca tranca a paixão

A paixão apaixona-se pelo tecer do cérebro

O cérebro cerebra o criatório da mente

O criatório cria a chama

A chama chama a mão

A mão manipula a caneta

A caneta caneta a mágica

A mágica chamada PALAVRA. 

 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:23

 

 

 

 

Penso com fôlego, sem fôlego:

A mente mastiga a frase

Poder ao Povo,

E não consigo tornar exequível o sonho.

 

A mente vaga errante, errática

Por descampados, vácuos e reinos da impotência:

Lugares onde a miséria humana

Faz-se a eterna etérea presença!

 

Cavalga-me pelas pradarias da verve

A voz de Renato cantando

Vento no Litoral,

 

Enquanto a voz de Cazuza,

Buscando agônica

A ideologia perdida,

Adormece nas asas

Da sua precoce supernova afinal.

 

 

 

 

Ah, é quando o ladrar pressuroso

Dos cachorros expulsa

A minha consciência

Da labiríntica viagem --- até então ---

Á margem do taciturno sabor do pouso

Sobre o solo da gravitacional realidade.

 

Enfim sinto passear,

Pela rodovia da boca,

O antigo gosto da vida-normalidade;

 

Entretanto, para não deixar esta aventura

Ao bel-prazer de uma página em branco,

Procuro a flor da catarse,

Que germina e desabrocha

Como um poema prolixo, insano:

Facunda topografia do absurdo humano!

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

 

 


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sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:21

  

 

Escuto o silêncio

Dizer á madrugada

Que se prolongue nos invernos:

 

 

Ah,

Enquanto esta ordem-conselho

Se processa na mente do tempo,

 

 

Cavalga por todo o meu cérebro

O viscoso e insólito pensamento

De que seja o basáltico céu empalidecido

A perfeita comunhão entre a elação da beleza

E os sortilégios dum mar capcioso e sombrio.

 

 

Escuto o silêncio

Dizer á madrugada

Que se prolongue nos invernos:

 

 

Esta miscível atmosfera eclética

De anestesia, Prosa, Poesia,

Onirismo, miasmas, niilismo, corvo, frescura,

Espreita, peçonha, perfídia e coruja

 

 

 

 

 

 

 

 

Casamata um reino de desovas, volúpias,

Espermas, esperas, espirais de psicodelia,

Enseada para fugas ou a Política daninha,

Teatro, Baco, vinhas, sangue a cada esquina;

Heróis, concertos de Rock e Operas que reverenciam

A Jazzística Cinética Ventania!

 

 

 

Escuto o silêncio

Dizer á madrugada

Que se prolongue nos invernos:

 

 

Capturo as essências da urina,

Da friagem, do orvalho, da orquídea em remanso,

Da groselha e da azaleia de ébano,

Aspergindo-as na página em branco

Do meu corpulento caderno

De Vermelhos Versos Saltimbancos!

 

 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

·                                 http://twitter.com/jessebarbosa27

 

 


sinto-me: UMA ILHA DE VERSOS MENORES

publicado por liramenor às 12:16
UM MOSTRUÁRIO DA PRODUÇÃO POÉTICA DO BAIANO JESSÉ BARBOSA DEOLIVEIRA ATENÇÃO: TODOS OS POEMAS FORAM REGISTRADOS PELA BIBLIOTECA NACIONAL, SITUADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E SE ENCONTRAM SOB A PROTEÇÃO DA LEI DOS DIREITOS AUTORAIS N° 9.610
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